Cientistas do Instituto Butantan e da Universidade de São Paulo (USP) deram um passo fundamental no combate ao câncer. Uma vacina terapêutica desenvolvida em parceria pelas duas instituições apresentou resultados animadores em testes pré-clincos: foi capaz de reduzir tumores e impedir o surgimento de metástases em animais.
Como a vacina funciona?
Diferente das vacinas preventivas, esta é uma vacina terapêutica, ou seja, projetada para tratar a doença já instalada. A tecnologia usa partículas semelhantes a vírus (VLPs), que são inofensivas, como uma plataforma para “treinar” o sistema imunológico.
Essas partículas são “decoradas” com um pedaço de proteína (peptídeo P10) encontrado na superfície das células tumorais. Ao apresentar essa partícula “disfarçada” ao corpo, o sistema imune aprende a identificar e atacar o alvo. Por consequência, ele passa a reconhecer e a destruir as células cancerígenas de verdade que possuem aquela mesma marca.
Resultados que trazem esperança
Nos testes pré-clínicos, realizados em camundongos, os resultados foram notáveis. Os animais tratados com a vacina apresentaram uma redução significativa do tamanho dos tumores e, mais importante, não desenvolveram metástase — o processo em que o câncer se espalha para outros órgãos.
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O longo caminho até os humanos
Apesar do otimismo, os pesquisadores ressaltam que a jornada é longa. A pesquisa, financiada pela FAPESP, ainda está na fase pré-clínica. São necessários mais estudos em animais para garantir a segurança e a eficácia do imunizante antes que ele possa, futuramente, ser testado em seres humanos.
Por que isso importa
Este avanço representa uma nova e promissora fronteira no tratamento do câncer, com potencial para criar uma terapia mais direcionada e com menos efeitos colaterais que os tratamentos convencionais. O desenvolvimento de uma tecnologia 100% nacional, unindo a expertise do Butantan na produção de vacinas e a excelência da USP em pesquisa, fortalece a ciência brasileira e abre caminho para a produção de tratamentos de ponta mais acessíveis para a população no futuro.