A Região Metropolitana de Jundiaí (RMJ), que projeta exportar US$ 1,2 bilhão no 1º semestre de 2025, agora enfrenta um cenário de tensão. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma tarifa de 50 % sobre produtos brasileiros, válida a partir de 1º de agosto, ampliando protestos do agronegócio e do setor industrial nacional.
Impacto direto RMJ. Indústria e agronegócio em alerta
A principal ameaça recai sobre os produtos de alto valor agregado exportados ao mercado americano. Na região, destacam-se os componentes automotivos e acessórios (US$ 685 milhões no semestre). Que já haviam sofrido tarifa de 25 % em abril; Máquinas, bombas e transformadores: indústria eletromecânica que também abastece parte do mercado dos EUA e frutas finas e uvas, com exportações em ascensão, mas sujeitas às novas barreiras comerciaiscorrendo o risco de ficar menos competitivos devido ao aumento abrupto das tarifas.
Região tem produção diversificada
A análise, baseada em dados do ComexStat do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), revela como a localização privilegiada, servida pelas rodovias Anhanguera e Bandeirantes e próxima a portos e aeroportos, impulsiona uma pauta exportadora diversificada, que vai de componentes automotivos a frutas frescas, conquistando mercados em todo o globo.
Jundiaí liderança com a indústria
Como principal cidade da RMJ, Jundiaí lidera com folga, projetando vendas de US$ 685 milhões, no semestre, puxaddas pela indústria automotiva, com peças de veículos e outros destaques industriais como bombas para líquidos e seus componentes e máquinas e aparelhos para embalar.
No entanto, o campo também marca presença. A exportação de uvas finas e outras frutas de alto valor vem crescendo, agregando um sabor especial à balança comercial do município. O principal parceiro comercial de Jundiaí são os Estados Unidos, absorvendo 28% das vendas, seguidos pela Argentina (11%).
Itatiba desenha seu próprio mapa de sucesso no comércio exterior. Conhecida como a “Princesa da Colina” e consagrada como a “Capital do Móvel”, a cidade projeta um volume de exportações de US$ 55 milhões para o primeiro semestre de 2025, demonstrando uma economia diversificada e de alto valor agregado que vai muito além de sua fama.
Sua força reside em três pilares robustos: um polo moveleiro de renome internacional, uma indústria têxtil competitiva e um agronegócio que começa a levar o sabor local para o mundo.
O Pilares têxtil e moveleiro impulsionam Itatiba
O coração pulsante da economia exportadora de Itatiba é, sem dúvida, sua indústria de móveis. Este não é um setor de produção em massa, mas sim de alto valor agregado, onde o design assinado, a qualidade dos materiais e o acabamento artesanal são os grandes diferenciais.
Móveis de madeira de alta qualidade, cadeiras de design, estofados e peças de decoração tem como destino principal os Estados Unidos, seguidos de perto por países da União Europeia, como Portugal, Espanha e Alemanha.
O segundo pilar da economia itatibense é a sua tradicional e resiliente indústria têxtil. Com uma cadeia produtiva bem estruturada, o setor demonstra versatilidade para atender a diferentes mercados.
Louveira, Itupeva e Cabreúva se firmam com a especialização industrial
Juntos, esses três municípios formam um poderoso eixo industrial com previsão de US$ 215 milhões em exportações no semestre O polo químico da região. Tintas, vernizes e fármacos são os carros-chefes, tendo a Argentina como destino principal de suas exportações, evidenciando a forte conexão com o Mercosul.
Várzea, Campo Limpo e Jarinu têm nichos estratégicos e o sabor do agro
Completando o cenário regional, esses municípios se destacam em nichos específicos:
- Várzea Paulista (US$ 28 milhões): Focada em tubos flexíveis de aço e produtos de papel e celulose, atendendo principalmente a Argentina e o Uruguai.
- Campo Limpo Paulista (US$ 15 milhões): Reconhecida pela exportação de produtos cerâmicos técnicos, como pisos e azulejos, com forte presença no mercado peruano.
- Jarinu (US$ 4,5 milhões): Embora com um volume industrial menor, o município é um importante player do agronegócio, conhecido pela produção de morangos, atemoias e outras frutas exóticas que começam a trilhar o caminho da exportação.
Impactos diretos do tarifaço na economia da RMJ
Os Estados Unidos são o principal destino das exportações de Jundiaí, respondendo por 28% das vendas externas do município.
Com a tarifa de 50%, os produtos produzidos na RMJ perdem competitividade de preço no mercado americano, reduzindo o volume de exportações ou forçando as empresas a absorver parte do custo adicional.
Empresas da RMJ que dependem de contratos com os EUA podem sofrer redução de produção, corte de turnos e empregos e desaceleração de investimentos.
Setores como o eletroeletrônico (Itupeva) e a metalurgia (Cabreúva), mesmo exportando para outros países, integram cadeias que cruzam o mercado norte-americano, o que pode gerar efeito cascata.
O anúncio de sanções comerciais tende a gerar volatilidade no câmbio. O dólar alto pode encarecer insumos importados, prejudicando a indústria de transformação regional.
Diversificação de mercados
Empresas devem acelerar acordos com países da Europa, Ásia e América Latina, reduzindo a dependência dos EUA.
Mercados como México, Chile, Peru, Alemanha e China já são compradores relevantes e podem ser ampliados.
Outra estratégia para diminuir o impacto das tarifas, seria a região fortalecer sua capacidade tecnológica, apostando em produtos de maior sofisticação e menor elasticidade de preço, reduzindo o impacto de tarifas.
A RMJ corre o risco de perder espaço no comércio exterior caso o tarifaço de Trump se concretize. A região, que combina infraestrutura logística, indústria avançada e agronegócio competitivo, precisará agir rapidamente para reorientar suas exportações, proteger seus empregos e manter a vitalidade econômica.
As saídas passam por diversificação, inovação, articulação política e uma resposta coordenada entre setor público e privado. A crise, se bem administrada, pode até abrir novas oportunidades para reposicionar a região no cenário global.