A discussão sobre as tarifas de importação anunciadas pelo governo dos Estados Unidos, apelidadas de “tarifaço”, está gerando uma dúvida central para o consumidor: o preço dos alimentos no supermercado vai subir ou descer? A resposta não é simples e revela um complexo equilíbrio entre proteger a indústria nacional e aliviar o bolso da população.
Os dois lados da mesma moeda
O impacto de uma nova política de tarifas sobre a comida pode seguir por dois caminhos opostos, dependendo de como ela for desenhada.
Em um cenário de alta, o governo pode aumentar as tarifas sobre alimentos importados (como trigo, azeite, bacalhau e vinhos), esses produtos chegam mais caros às prateleiras. A medida protege os produtores brasileiros da concorrência estrangeira, mas pode resultar em aumento de preços para o consumidor final.
Já em um cenário de baixa, se a reforma reduzir ou isentar as tarifas sobre insumos agrícolas importados (como fertilizantes, agrotóxicos e peças de máquinas), o custo de produção para o agricultor brasileiro diminui. Essa economia pode ser repassada ao longo da cadeia, resultando em preços mais baixos para alimentos como soja, milho e carnes.
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Fatores que vão além das tarifas
Especialistas em agronegócio alertam que o preço final na gôndola é uma equação complexa. Além das tarifas, fatores como a cotação do dólar, o clima (secas ou chuvas excessivas), a logística de transporte e as margens de lucro de distribuidores e supermercados têm um peso significativo na formação dos preços. Portanto, uma redução de tarifa na produção não é garantia automática de produto mais barato para o consumidor.
Por que isso importa
A discussão sobre o “tarifaço” não é apenas um debate econômico abstrato; ela impacta diretamente o poder de compra das famílias brasileiras. Uma decisão mal calibrada pode pressionar ainda mais a inflação dos alimentos, que é um dos itens de maior peso no orçamento doméstico. Por outro lado, uma política bem planejada pode ajudar a baratear a cesta básica. O grande desafio do governo será encontrar um equilíbrio que fomente a produção nacional sem sacrificar o bolso do consumidor.