A Câmara Municipal de Jundiaí foi palco de uma polêmica acalorada na terça-feira (23), depois que um munícipe usou a tribuna para defender a implementação de um controle migratório na cidade. A fala, que associava a chegada de pessoas de outras regiões à saturação dos serviços públicos e ao aumento da criminalidade, provocou a reação imediata de vereadores, que a classificaram como xenofóbica.
A confusão começou pouco antes de os parlamentares discutirem uma moção de repúdio a um projeto de lei de Joinville (SC), que propõe limitar a permanência de imigrantes sem residência comprovada. O analista de tecnologia João Gabriel G. Bottcher, que se identificou como apoiador do Movimento Brasil Livre (MBL), usou seu tempo na tribuna para defender a iniciativa catarinense.
“Jundiaí, como polo econômico, recebe milhares de migrantes […] gerando desafios, como a saturação dos serviços públicos, aumento da criminalidade e pressão sobre a infraestrutura”, declarou Bottcher.
A resposta do plenário foi contundente. A vereadora Marina Janeiro (PT) comparou a proposta ao controle de pessoas na Alemanha nazista. “Isso é uma ferramenta racista e preconceituosa. A fala do munícipe foi profundamente xenofóbica“, afirmou.
Vereadores de origem nordestina também se manifestaram. Romildo Antonio (PSDB), natural de Pernambuco, relatou já ter sido vítima de preconceito. “Eu contribuí com esse estado, essa cidade, mais que você. Eu tenho orgulho de ser pernambucano“, disse ele, dirigindo-se ao orador. Madson Henrique (PL), de Alagoas, e Dika Xique Xique (Podemos), autor da moção, também repudiaram a fala, lembrando que a Constituição Federal garante o direito de ir e vir.
“Isso não cabe no Brasil. O Brasil foi sempre feito por gente que veio de fora”, reforçou Dika Xique Xique. O tema repercutiu intensamente nas redes sociais, com a maioria das manifestações criticando o discurso do morador.