Facções e milícias são vizinhas de 28 milhões de brasileiros, aponta Datafolha

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Foto: RS/Fotos Públicas

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Brasil – O crime organizado tem expandido sua presença de forma alarmante no Brasil, alcançando a vizinhança de pelo menos 28,5 milhões de brasileiros. Um levantamento recente do Datafolha, encomendado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revela um aumento significativo no número de pessoas que relatam a presença de facções e milícias em seus próprios bairros.

A pesquisa indica que esse crescimento reflete uma maior captura de territórios e mercados pelos grupos criminosos. A presença do crime organizado foi relatada com maior frequência em grandes cidades (com mais de 500 mil habitantes), nas capitais e, em particular, na região Nordeste. Moradores de áreas afetadas relatam ter conhecimento sobre cemitérios clandestinos e a presença de grandes grupos de usuários de drogas, as chamadas Cracolândias, em seus trajetos diários.

Desafios e estratégias de combate

Bruno Paes Manso, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP e autor de obras sobre o tema, comentou sobre a complexidade da situação, citando a operação ocorrida no dia 28 contra o Comando Vermelho no Rio de Janeiro. “É uma operação que entrou para a história com tudo que ela implicou, centenas de mortes, corpos sendo expostos em praça pública, uma violência generalizada. É uma situação muito dramática e que evidencia uma perda de controle político completo no Rio de Janeiro, ao mesmo tempo que mostra a sofisticação de armamentos do crime organizado“, afirmou Manso.

Para combater o crime organizado com maior eficiência, Paes Manso sugere que o primeiro passo é a eleição de políticos verdadeiramente comprometidos com a democracia e suas instituições. Ele criticou o discurso de “guerra e violência” de alguns políticos, que, segundo ele, dá a impressão de combate ao crime, mas serve para manter o status quo e a ligação da polícia com a criminalidade.

O pesquisador aponta um desafio institucional robusto, que exige a integração dos governos estaduais para o combate às facções, que se nacionalizaram e estão presentes em quase todos os estados. “É essencial ter uma coordenação para trabalhar de forma inteligente, Estados e a União participando desse processo, compartilhando informações, Ministérios Públicos, polícias civis e militares, guardas etc.”, defendeu. A criação de fundos para financiar a segurança e uma agência estratégica, compartilhada com instituições estaduais, também é vista como um avanço.

A ampliação dos negócios criminais

O crescimento e a ampliação do poderio de grupos como o PCC e o Comando Vermelho não se limitam mais ao tráfico de drogas. Eles têm capturado novos territórios e expandido suas áreas de atuação para diversos outros empreendimentos, afetando profundamente o dia a dia da população.

Paes Manso explica as diferentes estratégias: “O PCC é muito focado nos portos, aeroportos, estradas para transportar seus produtos para os mercados internacionais e também distribuindo nos Estados, mas fundamentalmente pensando nesse mercado atacadista, lavando muito dinheiro, entrando em outros negócios e na política. E o Comando Vermelho, por outro lado, com essa estratégia de controle territorial nas cidades, não só para a venda varejista de drogas, mas também para venda de gás, de cigarro clandestino, apropriação de terrenos, construção de imóveis. A partir do momento que eles exercem o controle armado do território, começam a extrair receita desse território que controlam. São dois modelos de negócios diferentes, mas ambos prejudicam absurdamente a população”, concluiu.

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