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EUA em ‘shutdown’. Entenda o que é a paralisação e quem ela afeta

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O governo dos Estados Unidos iniciou uma paralisação de suas atividades, conhecida como “shutdown”, à meia-noite desta quarta-feira (1º), após o Congresso fracassar em aprovar um novo orçamento federal. O impasse entre os republicanos, liderados pelo presidente Donald Trump, e os democratas congela o financiamento de serviços públicos considerados “não essenciais”, colocando em licença centenas de milhares de funcionários e gerando incerteza sobre o funcionamento do país.

O centro da disputa é o financiamento de programas de saúde. Os democratas condicionaram a aprovação de um orçamento provisório, que manteria o governo funcionando por mais sete semanas, à prorrogação de subsídios de saúde que expiram no fim do ano. Os republicanos, por sua vez, insistem em tratar os temas de forma separada. Nenhuma das propostas obteve os votos necessários no Senado.

A Casa Branca classificou a situação como o “shutdown democrata”. Em tom de ameaça, Trump afirmou que a paralisação poderia levar a “coisas ruins e irreversíveis”, como a demissão de servidores públicos. A última grande paralisação, entre 2018 e 2019, durou 35 dias e custou cerca de US$ 3 bilhões à economia.

O que é um ‘shutdown’?

A paralisação ocorre quando o Congresso não aprova o orçamento anual para financiar as despesas discricionárias do governo, aquelas que não são obrigatórias, como investimentos em parques, cultura e o salário de parte do funcionalismo.

Sem autorização para gastar, as agências federais são forçadas a suspender suas operações. Programas obrigatórios e permanentes, como o pagamento da Previdência Social e os serviços de saúde Medicare e Medicaid, não são afetados. O serviço postal e o banco central (Federal Reserve) também continuam operando, pois possuem fontes de financiamento distintas.

Quem é mais afetado pela paralisação?

  • Servidores Federais: Cerca de 750 mil funcionários podem ser impactados. Aqueles em serviços “não essenciais” (como em agências de proteção ambiental e pesquisa) são colocados em licença não remunerada. Os que atuam em áreas “essenciais” —como controle de tráfego aéreo, segurança de fronteiras e militares— devem continuar trabalhando, mas sem receber o pagamento até que o impasse seja resolvido. O pagamento é feito de forma retroativa após o fim do shutdown.
  • Turismo e Lazer: Parques nacionais, museus federais (como o Smithsonian), zoológicos e monumentos, como a Estátua da Liberdade, podem fechar as portas ou operar com capacidade reduzida.
  • Viagens Aéreas: Com menos controladores de tráfego aéreo e agentes de segurança trabalhando, são esperados atrasos em voos e filas mais longas nos aeroportos.
  • Economia: A divulgação de dados econômicos cruciais, como o relatório mensal de empregos, é suspensa. Isso afeta as decisões de investidores e a formulação de políticas públicas.
  • Segurança: Embora militares e agentes federais continuem em seus postos, mais da metade dos funcionários civis do Pentágono será dispensada.

Contexto de cortes e consequências

A atual paralisação ocorre em um momento em que a gestão de Trump já enfrenta críticas pelos efeitos de cortes orçamentários anteriores. A resposta às recentes enchentes devastadoras no Texas, por exemplo, levantou questionamentos sobre a capacidade de órgãos federais após o enxugamento de pessoal.

O Serviço Nacional de Meteorologia (NWS), que perdeu centenas de funcionários, foi criticado por uma suposta demora na coordenação de alertas que poderiam ter mitigado a tragédia. Embora a agência tenha emitido alertas sobre as “enchentes ameaçadoras à vida”, a falta de pessoal experiente, que se aposentou devido às políticas de cortes, pode ter comprometido a resposta de emergência.

Especialistas alertam que a proposta orçamentária de Trump para os próximos anos, que prevê a eliminação de laboratórios de pesquisa climática, pode agravar ainda mais a capacidade do país de prever e reagir a eventos climáticos extremos, que se tornam mais frequentes.

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