Era mentira! Motorista confessa que inventou história de falsa bomba

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Foto: Reprodução/TV

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ITAQUAQUECETUBA (SP) – Motorista que parou uma carreta atravessada no Rodoanel Mário Covas na última semana, causando caos no trânsito e mobilizando tropas especiais da Polícia Militar, confessou às autoridades que inventou toda a história sobre um suposto assalto e a existência de uma bomba em seu veículo. Dener Laurito dos Santos, de 52 anos, admitiu em novo depoimento prestado nesta quarta-feira (19) que forjou o cenário criminoso e criou ele mesmo o artefato que seria supostamente explosivo.

De acordo com o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, que responde interinamente pela Segurança Pública do Estado, o caminhoneiro “fez tudo” para chamar atenção. As investigações apontam que o próprio Dener teria criado a falsa bomba, se amarrado e quebrado o vidro do caminhão com uma pedra. As reais motivações por trás da farsa ainda não foram totalmente esclarecidas pelas autoridades, que continuam as investigações para determinar o que levou o motorista a orquestrar todo o esquema.

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A confissão e as contradições que levaram à verdade

O desmonte da versão inicial começou com as inconsistências no relato do motorista. Segundo o delegado Nico, Dener foi convocado a prestar novo depoimento nesta quarta-feira precisely porque havia “contradições” significativas entre o que havia dito no dia do incidente e as evidências coletadas pelas investigações. A convocação para este segundo depoimento foi crucial para que a verdade viesse à tona.

Durante sua primeira oitiva, o caminhoneiro havia descrito um elaborado assalto envolvendo pelo menos três criminosos que teriam entrado na cabine, assumido o volante e agredido o condutor. No entanto, as evidências físicas e testemunhais não corroboravam esta narrativa. A confissão finalmente veio quando confrontado com as inconsistências, revelando que toda a situação foi arquitetada pelo próprio motorista.

Em nota oficial, a Secretaria de Segurança Pública informou que Dener foi indiciado por falsa comunicação de crime, conforme o artigo 340 do Código Penal. “As investigações continuam sob responsabilidade da Dise de Taboão da Serra para o completo esclarecimento dos fatos e a devida responsabilização criminal do indiciado”, destacou a secretaria em comunicado.

A entrevista televisiva e a versão que não se sustentou

Apenos três dias antes de confessar a farsa, Dener mantinha sua história em rede nacional. Em entrevista ao programa Domingo Espetacular, da TV Record, transmitida no domingo (16), o caminhoneiro apresentou uma narrativa detalhada, porém vaga em pontos cruciais. “Não me lembro do momento em que a bomba foi colocada na cabine do caminhão”, afirmou na ocasião, alegando que o artefato teria sido posicionado atrás da cortina que separa a área de descanso.

Durante a entrevista, o motorista descreveu supostos momentos de tensão: “Eu chorava, tossia, não conseguia falar por causa do gás”, disse, sem especificar qual gás seria esse. Sua descrição incluía agressões físicas sofridas – “Tomei muito chute na costela, no joelho, pisaram no meu pé, torceram meu braço” – e até mesmo um plano elaborado dos supostos criminosos para transportar armas e sequestrar um funcionário da empresa onde trabalhava.

Curiosamente, Dener também reclamou na entrevista sobre ter sido julgado por seu estilo pessoal – ele usava uma camisa de banda de rock durante a gravação. Esta tentativa de vitimização contrasta radicalmente com a confissão que faria poucos dias depois, revelando que toda a situação havia sido planejada por ele mesmo desde o início.

O custo operacional de uma mentira

A farsa do caminhoneiro mobilizou recursos significativos das forças de segurança. O Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) da Polícia Militar, equipe especializada em detonação de explosivos, foi acionado para o resgate. A operação incluiu ainda o deslocamento de atiradores de elite e até mesmo de um helicóptero da PM até o local, no km 45 do Rodoanel, em Itapecerica da Serra.

A interdição da via causou transtornos generalizados no tráfego da região metropolitana de São Paulo. O Rodoanel é uma das principais vias de ligação entre rodovias importantes, incluindo a Presidente Dutra, e seu bloqueio afetou o fluxo de milhares de veículos durante horas. O impacto econômico dessas interrupções, considerando o transporte de cargas e o tempo perdido por motoristas, ainda não foi calculado.

O episódio também consumiu recursos humanos e materiais consideráveis que poderiam estar sendo empregados em situações reais de emergência. Especialistas em segurança pública ressaltam que casos como este não apenas geram custos operacionais imediatos, mas também podem criar um efeito de dessensibilização em futuras ocorrências similares.

As consequências jurídicas e a continuação das investigações

O crime de falsa comunicação de ocorrência prevê detenção de um a seis meses ou multa, conforme estabelece o artigo 340 do Código Penal Brasileiro. No entanto, as consequências para Dener podem ser mais severas considerando o impacto social e econômico causado por sua ação. O Ministério Público poderá argumentar por uma pena mais rigorosa com base no transtorno gerado aos usuários da via e no custo da operação policial.

As investigações agora se voltam para compreender as motivações por trás da farsa. Entre as hipóteses consideradas estão possíveis problemas psicológicos, tentativa de desviar atenção de outro crime ou mesmo busca por notoriedade. O histórico do motorista está sendo minuciosamente examinado, incluindo sua recente viagem ao Peru transportando explosivos – trabalho que ele realmente executou entre outubro e novembro.

O caso serve como alerta sobre as consequências de comunicações falsas às autoridades. Além do aspecto criminal, especialistas destacam o risco que situações como esta representam para a credibilidade de futuros relatos de crimes reais. As autoridades reforçam a importância da população em comunicar apenas ocorrências verídicas, preservando assim a eficiência do sistema de segurança pública.

FAQ

1. Qual pena o motorista pode receber pelo crime cometido?
Dener foi indiciado por falsa comunicação de crime, previsto no artigo 340 do Código Penal, que estabelece detenção de um a seis meses ou multa. A pena final dependerá da análise do judiciário sobre as circunstâncias e consequências do ato.

2. Houve feridos durante a operação policial?
O próprio motorista relatou ter batido a cabeça no asfalto durante o resgate e foi levado ao Hospital Geral de Itapecerica da Serra, mas não há registro de outros feridos. As autoridades confirmaram que o teste do bafômetro aplicado em Dener deu negativo.

3. Por que as autoridades acreditaram inicialmente na história do motorista?
A narrativa apresentada inicialmente era detalhada e plausível, considerando a realidade da criminalidade nas rodovias. Além disso, a presença do objeto que parecia ser uma bomba justificou a abordagem cautelosa das equipes especiais.

4. O motorista tinha antecedentes criminais?
Esta informação ainda não foi divulgada oficialmente pelas autoridades. As investigações continuam para traçar um perfil completo do indiciado e suas possíveis motivações.

5. Como foi o resgate do motorista pelo Gate?
O Grupo de Ações Táticas Especiais realizou uma operação de abordagem tática padrão para situações com possibilidade de explosivos. O motorista foi encontrado com uma das mãos já desamarrada por outros caminhoneiros que passavam pelo local.

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