Entrada no mercado de trabalho e desmotivação impulsionam queda de matrículas no ensino básico

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Foto: Pillar Pedreira/Agência Senado

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SÃO PAULO – O Brasil registrou uma queda de 300 mil alunos matriculados na educação básica entre 2023 e 2024, segundo dados do Censo Escolar. O número, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), acende um alerta sobre os fatores que estão afastando crianças e jovens da sala de aula, um movimento que ameaça a formação de cidadãos e o futuro do País.

Para Marcos Neira, professor da Faculdade de Educação da USP, a redução de matrículas é um fenômeno complexo, impulsionado por uma combinação de fatores. Entre as principais causas estão as mudanças demográficas, com a diminuição da taxa de natalidade, e, de forma mais preocupante, a inserção precoce de jovens no mercado de trabalho.

No entanto, um dos gatilhos mais cruciais para a evasão escolar, segundo o especialista, é a percepção do próprio aluno de que não está aprendendo. “O elemento que mais influencia a evasão é o estudante se dar conta de que ele permanece na escola, mas não aprende. Isso causa desmotivação”, afirma Neira.

Ele ressalta que as redes de ensino, em geral, não oferecem o apoio necessário para os estudantes com dificuldades de rendimento, um problema que foi agravado pela pandemia de covid-19. Sem suporte, muitos jovens, principalmente no final do ensino fundamental, acabam abandonando os estudos.

Caminhos para reverter o quadro

A frequência e a conclusão da educação básica são condições mínimas para o exercício pleno da cidadania. Com a proximidade da elaboração do novo Plano Nacional de Educação (PNE), que entrará em vigor em 2026, o debate sobre como reverter essa tendência se torna urgente.

Para o professor da USP, a solução passa por uma reforma curricular profunda e pela capacitação de professores. “Nós temos que entender a nova configuração educacional e populacional brasileira e, a partir disso, organizar os nossos currículos”, defende.

A formação docente, segundo ele, deve ser voltada para uma educação verdadeiramente inclusiva, capaz de atender a todos os alunos em seus diferentes níveis de aprendizagem, oferecendo o suporte necessário para que ninguém fique para trás.

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