Pesquisa do Jornal da USP revela que a maioria dos brasileiros defende tributação maior para os mais ricos, especialmente se a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 000 for mantida. A medida reflete preocupação com a desigualdade, porém esbarra em déficit de informação e entraves políticos.
Opinião pública favorável, mas baseada em percepção
O pesquisador Rodrigo Mahlmeister (USP) observa que a ideia de taxar os ricos tem amplo apoio justamente porque muitos não se veem nessa categoria. Há um consenso de que o atual sistema é injusto com a população de renda mais baixa, embora seja paradoxal cobrar mais sem aumentar os impostos de todos.
Discussão técnica versus legislativo
Levantar mais impostos dos super-ricos não bastaria. Estudos da USP concluem que taxar grandes fortunas seria pouco efetivo frente aos projetos atuais, e que mecanismos como alíquota maior sobre lucros, dividendos e faixas superiores do IR são mais promissores.
Implicações da isenção até R$ 5 000
A expansão da faixa isenta até R$ 5 000, embora popular, com apoio de 75% dos brasileiros, poderia, isoladamente, aprofundar desigualdades, beneficiando mais homens, brancos e moradores do Sul/Sudeste. Por isso, especialistas defendem combinar essa medida com tributos mais pesados sobre os ricos.
🔍 Panorama geral
Tema | Situação atual |
---|---|
Apoio popular | 77% apoiam taxar mais os ricos, mas 88% acreditam que os impostos são mal utilizados |
Debate técnico | Propostas mais eficazes indicam tributar lucros/dividendos ou faixas elevadas do IR |
Desafio político | Projetos sobre grandes fortunas estagnados no Congresso; carga tributária segue regressiva |