Enquanto diversos países afetados pela política tarifária de Donald Trump adotam estratégias de enfrentamento aos Estados Unidos, o Brasil busca alternativas para expandir suas exportações. A aposta está na maior demanda chinesa e na diversificação de mercados, caso seja necessário redirecionar seus produtos.
China aumenta importação de soja e produtos brasileiros
A guerra comercial entre EUA e China tem favorecido o Brasil. Compradores chineses estão estocando soja brasileira devido às tarifas impostas por Trump aos agricultores norte-americanos. Além disso, fornecedores brasileiros de algodão e frango também observam um crescimento da demanda chinesa, reforçando a relação comercial entre os dois países.
Sendo um dos principais exportadores mundiais de matérias-primas, o Brasil vê oportunidades de ampliar suas vendas tanto para os Estados Unidos quanto para outras nações impactadas pela política tarifária de Trump.
Setor calçadista e novas oportunidades nos EUA
O Brasil é o maior produtor de calçados fora da Ásia e espera aumentar suas exportações para os Estados Unidos, ocupando o espaço antes dominado pelos produtos chineses. Apesar da possibilidade de novas tarifas sobre suas exportações, a expectativa é que Pequim enfrente taxas ainda mais altas, o que pode tornar os produtos brasileiros mais competitivos no mercado norte-americano.
Expansão da carne bovina no Japão e Vietnã
Em sua recente visita à Ásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu novos mercados para a carne bovina brasileira, garantindo oportunidades no Japão e no Vietnã. Essa expansão comercial ocorre em meio às novas tarifas impostas por Trump às importações globais de automóveis, evidenciando a busca brasileira por novas parcerias estratégicas.
Mesmo diante das tarifas sobre aço e alumínio, o Brasil mantém uma posição de aliado dos EUA, negociando para reduzir os impactos dessas taxas.
Investimentos chineses e impactos geopolíticos
Desde 2009, a China investiu mais de US$ 70 bilhões (cerca de R$ 398,1 bilhões) no Brasil, principalmente em infraestrutura. Esses aportes reforçam os laços comerciais entre os países, mas também geram preocupações em Washington, que vê a crescente presença chinesa na América Latina como um possível desafio estratégico.
Por isso, algumas empresas brasileiras estão buscando fortalecer sua presença nos Estados Unidos, aproveitando as tarifas que dificultam a entrada de produtos chineses no mercado norte-americano.
Expansão ferroviária e impactos na economia
O Brasil segue investindo na expansão da malha ferroviária para reduzir custos de transporte e combater a inflação dos alimentos. Um dos principais projetos, a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), terá aproximadamente 1.527 km de extensão, ligando o futuro porto de Ilhéus (Bahia) a Figueirópolis (Tocantins) e à Ferrovia Norte-Sul. Parte da obra está sendo construída pela China Railway, reforçando o papel da China no desenvolvimento da infraestrutura brasileira.