MILÃO (ITÁLIA) – Reportagem apresentada no telejornal Hora 1, da TV Globo, revela uma denúncia perturbadora que está sendo minuciosamente investigada pelo Ministério Público de Milão, na Itália: a existência de um macabro “safári humano” que teria ocorrido durante o cerco a Sarajevo, na Guerra da Bósnia, entre 1993 e 1995. Segundo o dossiê entregue pelo jornalista e escritor italiano Ezio Gavazzeni, “cidadãos respeitáveis” de diversas nacionalidades pagavam uma fortuna, o equivalente a até R$ 610 mil em valores atuais, para serem levados a um campo de batalha e atirar em civis por pura diversão.
Detalhes sombrios do esquema
O procurador Alessandro Gobbis, especialista em investigações antiterrorismo, deve em breve iniciar a convocação de testemunhas, com a esperança de que alguns dos suspeitos ainda estejam vivos para responder criminalmente. O esquema, de acordo com o dossiê de Gavazzeni, envolvia pagamentos de até 100 milhões de liras italianas (cerca de 100 mil euros atuais) a uma companhia aérea iugoslava de voos charter, a Aviogenex, com filial em Trieste.
“As viagens teriam sido feitas de avião a partir de Trieste, depois de helicóptero e veículo da Sérvia através da zona de guerra até Sarajevo”, descreve a publicação italiana “Il Giornale“. O jornal aponta Jovica Stanišić, ex-chefe da agência de inteligência da Iugoslávia (atual Sérvia) e agente secreto da CIA, como um dos pivôs do esquema. Stanišić já foi condenado em 2021 por crimes contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia.






