RIO GRANDE DO SUL – A história de Damaris Vitória Kremer da Rosa, 26 anos, encerra-se de forma trágica. A jovem, que passou seis anos presa injustamente, morreu em decorrência de um câncer no colo do útero apenas 74 dias após ser absolvida por um júri no Rio Grande do Sul. O sepultamento ocorreu na segunda-feira (27) no Cemitério Municipal de Araranguá, Santa Catarina.
Damaris foi presa preventivamente em agosto de 2019, sob a acusação de envolvimento no homicídio de Daniel Gomes Soveral, ocorrido em novembro de 2018, em Salto do Jacuí, no Noroeste do RS.
A denúncia, apresentada em julho de 2019 pela Promotoria, alegava que Damaris “ajustou o assassinato juntamente com os denunciados” e mantinha “conduta dissimulada, um relacionamento com a vítima, de modo a fazê-la ir até Salto do Jacuí, local estipulado para a execução”.
A defesa, por sua vez, sustentou que Damaris apenas teria relatado ao namorado que fora estuprada por Daniel. Em um ato de retaliação, o namorado teria assassinado o homem e ateado fogo no corpo.
Pedidos de revogação negados e diagnóstico na prisão
Ao longo do processo, foram protocolados diversos pedidos de revogação da prisão de Damaris, mas todos foram indeferidos pela Justiça, com pareceres negativos do Ministério Público. Durante seu período na cadeia, a jovem relatou problemas de saúde, como sangramento vaginal e dores na região do ventre.
Os argumentos do Ministério Público e da Justiça para negar os pedidos de soltura se basearam na suposta falta de comprovação da doença. O MP afirmou que a alegação era “pautada em mera suposição de doença, tendo em vista que os documentos médicos juntados nos autos apenas apontam a indicação de ingestão de medicamentos, sem apontar qualquer patologia existente e sem trazer exames e diagnósticos”.
A Justiça complementou, pontuando que “Não há demonstração suficiente de a ré estar extremamente debilitada por motivo de doença grave, na medida em que os documentos médicos são meros receituários médicos, sem apontar qualquer patologia existente e sem trazer exames e diagnósticos”.
O câncer foi diagnosticado enquanto Damaris estava encarcerada, e as complicações da doença levaram ao seu falecimento pouco tempo após a tão esperada absolvição, levantando questionamentos sobre a morosidade e a avaliação de casos de saúde no sistema prisional.





