A morte da cantora e apresentadora Preta Gil, aos 50 anos, por complicações de um câncer colorretal, trouxe à tona um fenômeno que vem preocupando especialistas em todo o mundo: o crescimento acelerado desse tipo de tumor em adultos jovens, com menos de 50 anos.
O caso dela foi descoberto em 2023, quando tinha apenas 48 anos. Desde então, o tema ganhou destaque por representar uma mudança significativa no perfil de risco dessa doença.
Os números não deixam dúvidas: o risco aumenta cedo
Relatórios internacionais mostram que, nos últimos 30 anos, os casos de câncer colorretal em jovens aumentaram até 70%. Nos Estados Unidos, por exemplo, 1 em cada 5 diagnósticos já ocorre em pessoas com menos de 55 anos.
No Brasil, o aumento também é evidente. Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) revelam crescimento de casos em todas as faixas etárias — inclusive entre homens de 20 a 49 anos, que saltaram de 5 para 6 casos por 100 mil habitantes entre 2000 e 2017.
E a previsão não é otimista: o câncer colorretal deve se tornar o terceiro mais impactante em anos de vida produtiva perdidos entre homens e mulheres até 2030.
Por que o câncer colorretal está crescendo entre jovens?
Especialistas ainda buscam respostas, mas algumas hipóteses estão sendo debatidas:
- Dieta ultraprocessada, rica em industrializados e pobre em fibras naturais;
- Sedentarismo e estilo de vida urbano;
- Obesidade e sobrepeso, que estão fortemente associados a esse tipo de tumor;
- Uso indiscriminado de antibióticos, tanto na medicina quanto na produção de alimentos.
Esses fatores parecem influenciar diretamente a saúde do intestino, alterando a microbiota intestinal e favorecendo a formação de pólipos, que podem evoluir para câncer.
O que fazer? A prevenção pode salvar vidas
Nos EUA, a idade para exames preventivos caiu de 50 para 45 anos. No Brasil, ainda não há um programa nacional de rastreamento, mas o Inca estuda adotar diretrizes específicas para o câncer colorretal.
Os principais exames preventivos são:
- Sangue oculto nas fezes: simples, barato e eficaz para triagem anual;
- Colonoscopia: exame padrão-ouro, ideal para quem apresenta sintomas ou tem histórico familiar.
Especialistas sugerem o uso do exame de fezes como triagem anual e a colonoscopia apenas nos casos com alterações — uma estratégia mais viável economicamente.
Diagnóstico precoce muda tudo
Apesar do crescimento entre jovens, há um lado positivo: o tratamento tem evoluído rapidamente, com cirurgias menos invasivas e novas terapias como imunoterapia e quimioterapia personalizada.
Quando descoberto no início, o câncer colorretal tem índice de cura superior a 95%.
Atenção aos sintomas: eles podem salvar sua vida
Não importa sua idade, se você apresentar sintomas como sangue nas fezes, mudança no ritmo intestinal, dor abdominal frequente e emagrecimento sem causa aparente, deve-se procurar um médico imediatamente. O diagnóstico precoce é a chave para o tratamento bem-sucedido.






